quinta-feira, 17 de julho de 2014

Mercado Livre é careiro mesmo?

Muito se reclama dos preços praticados em algumas páginas de vendas de gibis de segunda mão. O maior alvo de críticas costuma ser o Mercado Livre. Reservo sérias críticas ao Mercado Livre, mas no duro, no duro, vejo mesmo vários outros locais praticando os preços compatíveis aos do Mercado Livre, e com o agravante dos fretes serem ainda absurdos, ou abusivos.


O que estaria jogando para cima o valor das revistas usadas?

Vários fatores se somam para consolidar o panorama atual.

I - Das tiragens baixas.

Acredito que o que faz o preço alto são as baixas tiragens brasileiras, que esgotam e não são rapidamente repostas pelas editoras. A procura então se depara com a facilidade e instantaneidade da internet.

II - Da preferência.

A questão da sensação de credibilidade, confiança, segurança e garantia, pode ser o que mantém a preferência de muitos compradores ao Mercado Livre. O diferencial do Mercado Livre são o sistema de reputação e o Programa de Proteção ao Comprador, este oferecido via Mercado Pago.

Acredito que muitos dos compradores negociam por lá devido a atenção ao sistema de reputações. Páginas como Balcão, OLX e Bom Negócio parecem menos preocupadas com este aspecto. É aqui que guardo uma crítica em relação ao ML. Até o início deste ano o sistema de reputação ajudava aos vendedores honestos a se sobrepor como opção aos menos afetos ao compromisso sério. O novo sistema de reputação age de forma diferente.

Agora o sistema de reputação parece proteger quem faz muitas vendas, ou quem negocia altos valores, ou quem gera lucro ao ML, e arrebenta com os pequenos vendedores. Essa é a impressão que passa. Na minha opinião pessoal, o sistema de reputação faliu completamente com as últimas mudanças. Muitas pessoas, vendedores e compradores estão insatisfeitos e reclamando.

Já o Programa de Proteção ao Comprador, oferecido via Mercado Pago, parece funcionar bem e ainda mantém um aspecto de segurança, garantia e confiança que o comprador precisa para efetuar negócio. A tendência seria a reputação se tornar obsoleta em função da garantia.

De qualquer forma, quem compra pelo ML deve sempre estar ciente que além do valor da revista, está pagando também por esses serviços já citados e ainda pelo percentual que o próprio ML cobra sobre o valor das vendas, e dos anúncios - quando o vendedor opta por fazer um anúncio pago.

III - Do frete caro.

Outro fator que realmente encarece as vendas online é o frete dos Correios. E aí o ML oferece a alternativa de você encontrar uma solução mais em conta via MercadoEnvios. Infelizmente o MercadoEnvios ainda não se encontra disponível para todos os vendedores.

Na falta do MercadoEnvios, a melhor opção de frete dos Correios é fazer a remessa pela via do Impresso Normal - um serviço diferenciado e mais em conta para o envio de material impresso.

Saiba mais sobre Impresso Normal na página dos Correios:
http://www.correios.com.br/para-voce/correios-de-a-a-z/impresso-normal#tab-3

Consulte os valores do envio como Impresso Normal:
http://www.correios.com.br/para-voce/consultas-e-solicitacoes/precos-e-prazos/servicos-nacionais_pasta/impresso-normal

Por uma questão de segurança, tanto para o comprador que deseja receber sua encomenda, quanto para o vendedor - que busca se resguardar contra compradores de má fé interessados em acionar o Programa de Proteção ao Comprador do ML mesmo após receber a encomenda (e você aí achando que só vendedor dava trambique) - a melhor opção de segurança é que o envio via do Impresso Normal seja feito com Registro Módico. O Registro Módico é outro serviço dos Correios que, é claro, encarece ainda um pouco mais a venda online.

IV - Do perfil dos negociantes.

Reconheço a existência de 3 tipos de vendedores de HQs mais comuns, presentes tanto no Mercado Livre, quanto em outros espaços de compra e venda de gibis pela internet:

    1- o colecionador que por qualquer razão tem o interesse pessoal em se livrar das revistas rapidamente, e põe preços (baixos) que efetivam esta rápida saída;

    2- o colecionador que por qualquer razão tem que se livrar das revistas, mas em seu íntimo não quer realmente se desfazer delas, e põe preços (elevados) que não efetivam a rápida saída;

    3- o livreiro/vendedor profissional, que não é grande o suficiente para ter sua própria página de vendas na internet, e põe preços altos, objetivando lucro. Devido ao grande volume de ofertas, consegue saída num ritmo aceitável para a manutenção do negócio.

Reconheço a existência de dois tipos básicos de compradores, o colecionador e o livreiro:

    1.1- o comprador colecionador - ansioso, quer muito comprar. Se tem grana no bolso, compra e paga caro. Se não tem, sofre;

    1.2- o comprador colecionador - tranqüilo, quer muito comprar, mas sabe ser paciente e espera pelo momento certo.;

    2- o comprador profissional, trabalha como livreiro e só vai comprar se o preço oferecer condições de revenda. Este compra coleções completas, e não busca gibis avulsos como fazem os compradores colecionadores. Trata-se de um hábito de consumo diverso.

V - Do não entendimento do funcionamento do ML.

Alguns vendedores costumam estabelecer seus preços tomando como parâmetro preços praticados por outros vendedores do ML. Estes vendedores possivelmente serão enquadrados nos tipos 2 e 3. Não querem vender rápido, então você não precisa comprar deles.

Além do mais, quando estes mesmos vendedores praticam preços do ML para vendas que ocorrem fora do ML eles não estão lhe oferecendo os mesmos serviços pelo qual você paga quando compra através do ML - serviços como o Programa de Proteção ao Comprador e MercadoEnvios, por exemplo. Assim, pagando preços de ML praticados fora do ML, você está pagando o valor correspondente a serviços dos quais você não vai ter acesso.

VI - Concluindo.

É possível concluir que os preços praticados no ML, para a venda de gibis usados, não são altos em favor da crueldade, maldade e cobiça dos vendedores. As baixas tiragens, o conforto e a facilidade da compra online, as tarifas pelo uso das ferramentas e garantias do Mercado Livre, o valor dos serviços dos Correios, e o perfil dos negociantes são os fatores mais determinantes que regem os preços de compra e venda dos gibis usados atualmente.

O comprador tem que estar atento ao perfil dos vendedores, avaliar seu próprio interesse na compra e saber reconhecer os fatores que envolvem qualquer negociação.

VII - Dicas.

  • Nem tudo o que é ofertado está realmente à venda. O vendedor/colecionador que eleva os preços porque não tem a intenção verdadeira de se desfazer das revistas é um bom exemplo disso.

  • Aprenda sobre o conceito de depreciação e reconheça que ao tirar do bolso seus R$6,50 para compra de um gibi em banca, no momento em que você o retira da prateleira e leva para casa ele já se desvalorizou.

  • Papel usado, para ser reciclado, é negociado entre R$0,10 e R$0,30 o kilo. O que encarece a revista usada é o fator colecionável, a procura por tal objeto. Se o vendedor não está vendendo, tem que ficar "upando" o anúncio em comunidade de rede social (como o Facebook), então chegou a hora de fazer cair o preço. Do contrário, vai continuar com a velha coleção largada no canto, se deteriorando e depreciando ainda mais. Sem procura não há venda. O preço tem que promover a procura, e não inibi-la.

  • Preços praticados no ML não servem de parâmetro para negociações realizadas fora daquele ambiente específico.

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