sexta-feira, 15 de abril de 2011

Os Deuses Astronautas e a Ficção Científica - Parte I

Reproduzo abaixo a primeira parte de um artigo premiado e publicado no extinto blog http://ahoradosassassinos.blogspot.com. O autor do blog se identificava como "Velho da Montanha", e era fã de Alan Moore. Imagino que o "Velho da Montanha" não se importe da sua tradução aparecer aqui.

O texto foi considerado Melhor Ensaio de Não-Ficção pela premiação Ignotus Winners, em 2009. Título original: “Los dioses astronautas en la ciencia ficción”, (“Astronaut gods in science fiction”), por Mario Moreno Cortina.
Página original: http://www.bemonline.com/portal/index.php/artlos-fondo-36/251-los-dioses-astronautas-en-la-cf

Link com a premiação: http://www.sfawardswatch.com/?p=2454
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Escrito por Mario Moreno Cortina

Traduzido do espanhol por Velho da Montanha



A modo de introdução

A Ficção Científica é um gênero complexo e curioso como poucos por várias razões e a que mais me chama a atenção é a impossibilidade de classifica-la. Não importa o quanto extensa e abrangente seja a definição que se proponha- e tem havido muitas e de grandes autoridades no assunto- , sempre existem subgêneros inteiros que ficam de fora. Evidentemente, isto não ocorre por acaso.Juan Ignacio Ferreras, em seu famoso ensaio La novela de Ciencia Ficción, afirmou que a Space Opera não é Ficção Científica mas sim a enésima reencarnação do velho romance de aventura no estilo Alexandre Dumas, que se recusa a morrer [1]. Outros, em suas próprias definições deixaram de fora as Ucronias, ou o autor Philip K. Dick. É evidente que todos, meio de forma inconsciente, estão definindo mais a sí mesmos do que ao gênero. Em todo caso a imensa maioria das definições que citávamos antes, que podem ser encontradas na internet em uma rápida busca, enfatizam o papel da ciência, do método científico e da razão para construir os mundos fantásticos da Ficção Científica.

Na minha opinião o que ocorre na FC é uma interessante metáfora do pensamento ocidental contemporâneo. O ser humano moderno se acredita filho de uma época racionalista que deixou para trás a magia e a superstição. Geralmente é assim... até que alguém apaga a luz. Ou até que o medo nos paralise. O pensamento racional esta aí, é parte de nossa maneira de conhecer o mundo ao redor. Porém não nos agrada conviver com ele, por que estamos acostumados a obedecê-lo e a deixa-lo governar nossas vidas, mas não a canaliza-lo. Três milhões de anos vivendo nas cavernas contra seis mil de civilização e apenas duzentos anos de Revolução Industrial.

Da mesma forma, o escritor de FC- e sem dúvida também o fã -, gosta de se ver como uma pessoa culta, com uma ampla gama de conhecimentos sobre as mais variadas disciplinas das Ciências Exatas e Humanas. Quando cria suas histórias, aplica toda essa bagagem cultural para explorar novas possibilidades e criar sociedades e tecnologias com a mínima aparência de verossimilhança e racionalidade. Porém, estas são as únicas ferramentas usadas? Não existem outras tradições, outros conhecimentos, outras sabedorias aplicadas nesse assunto?

Alexandrian identifica o momento em que surge essa outra tradição: com a aparição e ascensão social do Cristianismo[2]. Os Galileus ―como eram chamados por Juliano― não se conformaram em ser a principal religião: queriam ser a única. O cristianismo perseguiu não somente a magia e as práticas supersticiosas populares, mas também todas as outras religiões em sua área de influência, até a sua total e absoluta extinção.

Total? Talvez haja exagerado. Toda ação tem uma reação. O esforço dos Galileus para eliminar o paganismo originou uma corrente crítica ―escrevo esta palavra com precaução― e eclética que aglutinou diversas religiões e tradições culturais pagãs da Europa e da Ásia. Alexandrian chama a essa tradição de “Filosofia Oculta”, um termo tão bom como qualquer outro. Trata-se de uma vastíssima corrente contracultural ―também escrevo com precaução esta outra palavra― subterrânea, cujas primeiras expressões foram o Neoplatonismo e o Gnosticismo, que chegaram aos nossos dias e que gozam de boa saúde até hoje. Podemos utilizar o termo de Alexandrian ou podemos falar de Esoterismo, ou de Ciências Ocultas. Não importa, basta que entendam o conceito.
O Esoterismo é o penetra na festa da Ficção Científica. Ninguém afirma ter convidado o cara, mas ele está lá. Ele não vai aparecer nas fotos e todos falarão mal depois que ele sair. Mas mesmo assim, todas as garotas da festa dançaram com ele em uma hora ou outra e todos os rapazes riram de suas piadas e tomaram algumas com o cara.
Aqui vai: o gênero da Ficção Científica é filho tanto da Ciência oficial quanto do Esoterismo. Com a mesma frequência que sentimos a influência neste gênero das novas descobertas e realizações tecnológicas, assim também percebemos a influencia das ideias dos investigadores do paranormal. Não esqueçam que um dos principais responsáveis por este gênero ter alcançado sua maturidade,John W. Campbell (1910-1971), ao mesmo tempo que exigia uma base científica para os contos que publicava na revista Astounding Science Fiction, utilizou a publicação para expandir as recentes teorias da Dianética de L. Ron Hubbard (1911-1986), uma estranha mistura de FC, esoterismo e religião. "Não deixe que tua mão direita saiba que a esquerda lê von Däniken", disse Isaac Asimov.

Bem, na verdade ele não disso isso, mas poderia ter dito.

Foto: John W. Campbell jr., diretor de Astouding (dir), e L. Ron Hubbard, criador da Igreja da Cientologia (esq)
Em outro momento e lugar e com outro enfoque, falei da influência das tradições esotéricas na Ficção Científica e desenvolvi alguma coisa a respeito. Discorrí na ocasião sobre os continentes perdidos. Agora gostaria de acender uma luz sobre outra dessas correntes ocultas que deixaram sua marca na FC. É conhecida como Paleoastronáutica ou Astroarqueologia tanto em círculos esotéricos quanto entre os céticos, sendo mais frequentemente conhecida como a teoria dos Deuses Astronautas.

Deuses, túmulos e sábios
Erich von Däniken e seu legado


Suponho que todos tenham assistido o filme Stargate, dirigido por Roland Emmerich e lançado em 1994. Nele um grupo de arqueólogos descobre nos anos 20 um extranho artefato em Gizé, Egito; anos mais tarde, o professor Daniel Jackson ―famoso por suas opiniões heterodoxas― é chamado para traduzir alguns documentos encontrados junto ao artefato, que se acha agora guardado nas instalações militares de Cheyenne Mountain. Graças a sua intervenção, o objeto é posto em funcionamento e cria um buraco de minhoca, que transporta uma equipe formada por um pelotão de soldados comandados pelo coronel Jack O’Neil, tendo o professor Jackson como acessor. Do outro lado encontram um mundo desértico chamado Abydos[3], dominado por Rá, um extraterrestre que havia possuído o corpo de um humano. A população do planeta fala uma língua derivada do antigo egito e vive completamente subjugada por Rá. Inevitavelmente, o pelotão o enfrenta e o derrota.


Foto: Stargate (Roland Emmerich, 1994) um filme danikeista.

Em um ponto do filme, Jackson decifra alguns relevos nos quais os habitantes de Abydos deixaram registros de seu passado. Então ficamos sabendo como Rá chegou a Terra 8.000 a.C., a beira da morte, e encontrou um mundo rico e habitado. Além de escolher um hóspede humano que lhe permitiria prolongar sua vida, encontrou também mão de obra barata para trabalhar nas minas de Abydos, que enviava através do portal estelar que da título ao filme. Em um determinado momento, os terráqueos se rebelam contra Rá, e ele fecha a porta que interliga ambos os planetas e proíbe a escrita para que o conhecimento do passado se perca.

O sucesso de Stargate deu origem a duas séries de televisão ―Stargate SG1 e Stargate Atlantis―, uma de animação ―Stargate Infinity― e um projeto em andamento chamado Stargate Univers do qual não se sabe muita coisa até o momento em que escrevo este artigo. As duas séries enriqueceram de forma extraordinária o universo conceitual do filme, apesar de Dean Devlin e Roland Emmerich, autores do roteiro original do filme, não reconhecerem como oficiais estas adaptações. Seja como for, no universo de Stargate, as distintas mitologias da Antiguidade (egípcia, grega, escandinava…) se originaram através do contato com raças extraterrestres que visitaram a Terra, e que assumiram o papel de divindades. Como vimos no caso de Rá, não eram sempre deuses benevolentes.

O filme original de Emmerich me surpreendeu por duas razões. Primeiro porque supunha o retorno da Ficção Científica aventureira as telas depois de uma década de ausência. Segundo porque revitalizava as teorias de um pesquisador suíço chamado Erich von Däniken que haviam sido muito populares nos anos 70 e que eu pensava estarem completamente esquecidas. E não poderia ser diferente, pois Emmerich afirmou que teve a ideia original em 1979, lendo um livro de Däniken. Nessa época, seus livros estavam em todas as listas dos mais vendidos e suas ideias eram amplamente discutidas.

Ele ficou conhecido em 1968 com a publicação de um livro chamado Eram os Deuses Astronautas?[4]. Foi o primeiro de uma longa série de best sellers ―que ele continua escrevendo até hoje―, entre os quais estão títulos igualmente populares como De Volta as Estrelas[5] O Ouro dos Deuses[6], traduzidos a todos os idiomas imagináveis e cujas vendas chegam as dezenas de milhões. Sua influência na cultura popular é tão grande que o antropólogo francês Wiktor Stoczkowski, em sua obra Para Entender os Extraterrestres, fala em “danikeismo” para referir-se a tal fenômeno [7].


Foto: Erich von Däniken, autor suíço de várias dezenas de best-sellers que popularizaram a teoria dos Deuses Astronautas

A ideia básica de Däniken é de que seres extraterrestres visitaram nosso planeta no passado, criaram primeiro a raça humana manipulando geneticamente fêmeas de primatas e depois ensinaram a ela a cultura e a tecnologia. Uma vez completado seu trabalho, voltaram ao espaço e jamais regressaram. Segundo o autor suíço, as provas da presença dos alienígenas ―dos deuses astronautas― estão ao nosso redor, na forma de ítens arqueológicos e mitos.

Algumas dessas provas são autênticos ícones da cultura popular, como as linhas de Nazca (Perú), queDäniken interpreta como pistas de aterrisagem para naves extraterrestres e um relevo mayaencontrado em Palenque (México), no qual o suíço vê um astronauta sentado na cabine de sua nave. As estátuas da ilha de Páscoa (Chile) ou a pirâmide de Kéops no Egito ―segundo as palavras de Däniken― são obras de engenharia extraterrestre e se encontram muito além das capacidades dos povos antigos atribuídas pela Arqueologia oficial. As pistas dos astronautas que visitaram a Terra na antiguidade poderiam ser rastreadas também nas armas fantásticas e carros voadores dos poemas épicos hindus, o Ramayana e o Mahabharata, assim como em diversos relatos bíblicos ―como na famosa citação do livro de Ezequiel― e nas dinastias míticas sumerianas.

Também sofreu influência das teorias de Däniken o valenciano Pascual Enguídanos Usach (1923-2006). Este autor de livros de bolso, que assinava como George H. White e Van S. Smith, é conhecido principalmente por ser o autor da Saga dos Aznar, uma série de cinquenta e seis romances escritos entre 1953 e 1978. Trata-se de uma Space Opera clássica que toma a forma de uma história futurista através das aventuras de uma família de militares e estadistas. Na segunda parte da série, escrita entre 1974 e 1978 ―em plena febre editorial danikeista―, os humanos tomam contato com una raça milenária, os bartpuranos, que percorreram o universo no passado espalhando a vida e a inteligência. As principais raças humanas do universo conhecido ―a terráquea entre elas― são fruto de seu trabalho. No romance O Retorno dos Deuses, já muito perto do final da série, os humanos viajam no tempo ocasionalmente até a época da formação da cultura sumeriana e encontram o sacerdote Mu-Rá, mestiço de terráqueo e bartpurano, possuidor de grandes conhecimentos de astrofísica e dos poderes mentais de seus antepassados extraterrestres. Para os sumérios, Mu-Rá é descendente dos deuses, uma ideia plenamente danikeista[8].

No momento do contato, os bartpuranos haviam se isolado em um gigantesco satélite artificial para entregar-se a uma vida mais simples, porém uma rara doença genética os está exterminando e a raça está próxima da extinção. O motivo disso é que as almas dos bartpuranos, após sucessivas reencarnações, estão alcançando a perfeição e ingressando na Dimensão Eterna.

Esta ideia não é de forma alguma estranha ao universo das séries Stargate. Os Antigos, a raça que construiu a rede de portais estelares, também abandonam nosso mundo material ―ascendem, segundo a terminologia da série― e se convertem em seres de pura energia. Estas ideias similares ―em duas concepções diferentes, com certeza― são um legado da literatura esotérica vinculada a teoria dos antigos astronautas.

O filme Missão: Marte (Mission to Mars, Brian de Palma, 2.000) tem, a princípio, um tratamento menos pulp que Stargate e pretende ter uma certa credibilidade em sua abordagem. No entanto, ele nos serve como exemplo paradigmático. O astronauta Story Musgrave foi contratado como acessor técnico para uma história que pretende ter um certo clima de Hard Science Fiction, ou ao menos o mais próximo disso que Hollywood pode chegar. Inclusive, o projeto da missão é baseado em proposta real da Mars Society que pretende enviar um vôo tripulado ao planeta vermelho. Certamente, toda a historia está cimentada sobre as mesmas propostas esotéricas de Stargate.


Foto: Missão Marte. (Mission to Mars, Brian de Palma, 2000). Nesta imagem, a cena em que o rosto de Marte é desenterrado por um violento furacão

A história começa quando a tripulação da primeira expedição a Marte decide explorar uma montanha próximo ao Valles Marineris que poderia abrigar uma reserva de água subterrânea. Quando os astronautas chegam ao local para investigar, notam um estranho ruído saindo da montanha e o atribuem a uma interferência nos seus veículos. A leitura do radar demonstra que no subsolo da montanha existem grandes massas de metal. Neste momento, um pulso electromagnético queima os instrumentos e se levanta um violento vendaval que arrasa tudo e mata a todos os astronautas exceto o comandante, Luke Graham. A medida que o vento vai se acalmando, a câmera nos revela uma construção que estava oculta sob as rochas, agora varridas pelo vento: um gigantesco rosto ovalado de olhos grandes e boca pequena que se assemelha perfeitamente ao arquétipo pop de um extraterrestre. É provável que Brian de Palma não estivesse consciente da metáfora que havia criado nesta cena: o vento alienígena limpa tudo e revela o que havia debaixo, nada mais nada menos que o famoso rosto de Marte[9], um dos mais populares itens da literatura esotérica, utilizado como suposta prova de que no passado existiu uma civilização avançada em nosso planeta vizinho.
Imediatamente se organiza uma segunda expedição, que sofre todos os percalços necessários a uma viagem interplanetária para que haja um pouco da boa e velha aventura. Os tripulantes da nave que conseguem chegar a superfície encontram o comandante Luke ainda vivo. Durante todo o tempo ele havia ficado sozinho, Luke se dedicou a investigar o ruído procedente do rosto de Marte e havia chegado a conclusão de que este contem informações sobre o DNA humano.

O que acontece depois poderia ter saído de um dos livros de von Däniken e embora seja a parte mais fraca do filme é a que mais nos interessa: os astronautas se dirigem até o rosto de Marte e conseguem chegar até o seu interior, onde existem condições atmosféricas terrestres. Lá encontram um grande modelo holográfico animado de nosso sistema solar. Surpreendidos, vêem Marte tal como foi há milhares de milhões de anos atrás, um mundo habitável (e habitado) como a Terra. A animação mostra como um grande meteorito atingiu o planeta e os marcianos se viram obrigados a emigrar. Não sem antes haver semeado a vida na Terra, até então completamente erma.

Missão Marte é um filme fraco em em muitos aspectos, sendo o mais patente esse final tão água com açúcar que chega a ser entediante. É óbvio que o que nos interessa é a persistência das ideias danikeistas na FC, neste caso em um filme que se presumia ter uma sólida base científica.

Notas:

[1] Ferreras, Juan Ignacio. La novela de Ciencia Ficción. Siglo XXI. Madrid, 1972
[2] Alexandrian. História da Filosofia Oculta. (Edições 70, Lisboa, s/d).
[3] O nombre Abydos já debveria situarnos no contexto. Abydos é o nome de uma localidade egípcia mencionada frequentemente pelos pesquisadores danikeistas, devido a alguns hieroglífos achados em seu templo. Para maiores informações consultem o site: www.fraudesparanormales.com.
[4] Däniken, Erich von. Eram os Deuses Astronautas.
[5] Däniken, Erich von. De Volta as Estrelas .
[6] Däniken, Erich von. O ouro dos deuses.
[7] Stoczkowski, Wiktor. Para entender a los extraterrestres. Acento. Madrid, 2001.
[8] Para que não reste nenhuma dúvida, Enguídanos fez uma pequena homenagem a seu inspirador no romance Vinieron del futuro, dando o apellido Däniken a um tenente alemão.
[9] O conhecido “Rosto de Marte” é uma estrutura geológica da região de Cidonia fotografada pela primeira vez pela missão Viking 1 em 1976. Fotografada mai recentemente pelas cameras muito mais potentes da Mars Global Surveyor, seu caráter natural e não artificial havia sido plenamente demonstrado quando da estréia de Missão: Marte. Por isso se fez necessária a cobertura de rochas que aparece no filme.


Na segunda Parte deste artigo, conheça as origens da Teoria dos Deuses Astronautas nas obras de Helena Blavatsky, Charles Fort, Jacques Bergier e H. P. Lovecraft.


>> Os Deuses Astronautas e a Ficção Científica - Parte II

>> Os Deuses Astronautas e a Ficção Científica - Parte III

Um comentário:

  1. Ótima análise sobre o danikenismo. Mas, se Deus existe, Ele é extraterrestre, apesar de também ser terrestre; pois, dizem, Ele está em todos os lugares e foi, talvez, quem apertou o botão para o big-bang; pois, dizem, Ele é preexistente a tudo. E ainda, parece, não há certeza, tem esses caras do Projeto Genoma sugerindo que o DNA humano tem 97% de posibilidades de ser extraterrestre. Diante diso tudo, só me resta perguntar: "ET minha casa, telefone, algém sabe me dizer onde existe um orelhão extraterrestre?"

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